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Pastor relata por que desafiou bolsonaristas em vigília em Brasília

Teólogo Ismael Lopes narra decisão de falar na vigília de Flávio Bolsonaro, as agressões que sofreu e por que liga fé cristã à esquerda

Ismael Lopes (Foto: Reprodução redes sociais)

247 - Na noite em que decidiu atravessar a multidão bolsonarista para denunciar, com a Bíblia na mão, a responsabilidade do ex-presidente e de seus aliados pelas “700.000 covas” abertas na pandemia, o teólogo e pastor independente Ismael Lopes sabia que corria risco. Ele foi à vigília convocada por Flávio Bolsonaro em Brasília, evento que misturava culto religioso e mobilização política, levando apenas o celular e a ideia inicial de fazer um vídeo irônico, mas voltou de lá como personagem de um dos episódios mais comentados do embate entre extrema direita e campo progressista.O relato desse dia foi feito em entrevista ao jornalista Joaquim de Carvalho, no programa Boa Noite. Ao longo da conversa, Ismael reconstrói o passo a passo da decisão de pedir a palavra no ato bolsonarista, detalha as agressões que sofreu ao deixar o palco, comenta a explosão de sua visibilidade nas redes sociais, explica sua trajetória religiosa e política e apresenta uma leitura crítica, porém de apoio, ao governo Lula.

Ele conta que chegou à vigília com outra intenção. “Na verdade, eu fui para fazer uma galhofa, uma piadinha sobre a vigília. Tinha pouca gente ali, cerca de 200 pessoas. Eu ia gravar um videozinho, fazer a brincadeira e ir embora”, lembra. A mudança de rumo ocorreu quando começou a ouvir as orações e pregações que, segundo ele, deturpavam o sentido dos textos bíblicos para defender a extrema direita e questionar a condenação do ex-presidente. O ponto de virada foi quando o pastor responsável pela mensagem leu Isaías 58. “Aquilo me bateu fundo, porque é um texto que fala de justiça. Eu pensei: ‘Pelo amor de Deus, eles estão usando um texto que ensina justiça para defender alguém que foi condenado justamente’.”

Indignado, Ismael decidiu que precisava intervir. Primeiro procurou um segurança, que mandou uma mensagem e o orientou a se aproximar de Flávio Bolsonaro. “Eu fui até o Flávio, consegui chegar até ele, me apresentei e falei: ‘Posso deixar uma reflexão bíblica?’ Ele acenou com a cabeça, autorizando”, relata. A oportunidade apareceu porque um dos pastores escalados para falar não compareceu, abrindo um “buraco” na programação. Nesse intervalo, seu nome foi chamado ao microfone.

Já no púlpito, Ismael recorreu a um texto pouco conhecido entre os fiéis, mas cuidadosamente escolhido. “Eu li Eclesiastes 10, do versículo 1 ao 8. Escolhi esse texto porque sabia que eles ouviriam e achariam que eu estava falando do Lula, porque fala de um governante tolo”, conta. O trecho final, porém, virou o centro do recado: “No versículo 8 diz que quem abre covas será lançado nelas”.

A partir daí, ele fez a ligação direta com a pandemia de Covid-19 e com o governo anterior. “Eu disse: ‘Nós não queremos que ninguém caia morto, mas queremos que seja julgado dentro do devido processo legal e responda pelos seus crimes, como seu pai, que abriu 700.000 covas durante a pandemia’”, afirma. O choque entre os presentes foi imediato, mas, por alguns instantes, o silêncio dominou o ato. “Eles ficaram meio atordoados”, recorda. Em seguida, ele ampliou o alvo da crítica: “Eu disse que todos os aliados que colaboraram com isso, que trouxeram essa horda do mal contra o nosso Estado, também precisam ser responsabilizados. Foi aí que me interromperam.”

Apesar da firmeza ao falar, o medo esteve presente o tempo todo. “Medo a gente tem, mas não usa”, admite. Ele conta que o momento mais tenso foi justamente depois da referência às “700.000 covas”: “Eu pensei: ‘Eles estão me deixando falar para depois não me deixarem sair daqui. Vão me cercar e eu não vou conseguir sair’.” Mesmo assim, decidiu continuar, convencido de que falava em nome de quem perdeu familiares na pandemia. “Eu tinha na minha cabeça 700.000 famílias comigo. Tem muito mais gente comigo do que contra mim ali. Eu mesmo perdi muitos amigos e amigas nessa tragédia”, explica.

As imagens exibidas por Joaquim de Carvalho mostram o que veio depois: empurrões, tentativas de socos e um chute que quase acertou seu rosto. “Esse foi o momento em que eu fui derrubado. Um homem tentou me dar um chute no rosto. Eu consegui proteger o rosto e ele não me acerta”, relata. Em seguida, a polícia interveio com spray de pimenta. “Logo depois dessa tentativa de chute, a polícia chegou e dispersou com spray de pimenta. Nesse ponto, a polícia até agiu rápido”, avalia. Em outro momento, ele descreve uma tentativa de golpe pelas costas: “Esse rapaz atrás de mim tenta me dar um soco. Eu tinha acabado de desviar a mão dele, tanto que minha mão está até encostada nele. Depois ele volta com a mão e me acerta nas costas, mas foi um golpe fraco, não me machucou.”

Ismael afirma que um dos agressores que tentou chutá-lo cobriu o rosto depois, mas foi filmado antes pela imprensa. A identificação, diz ele, é questão de tempo: “No vídeo dá para ver ele antes de cobrir o rosto. Então, saiba que você será identificado e vai entrar no processo.” Ele faz questão de reconhecer também a importância dos jornalistas que registraram tudo: “Eu agradeço muito à imprensa. De um lado, eles me cercaram para tirar foto e filmar, e isso impediu que outra parte do grupo chegasse. Por outro lado, eu consegui me defender minimamente até ser derrubado.”

Depois de ser retirado do local, Ismael foi levado pela própria polícia à delegacia. “Quando saí de lá, a polícia me levou de viatura até a delegacia para registrar ocorrência. Fiz o boletim de lesão corporal e tentativa de linchamento”, relata. Em seguida, foi encaminhado ao Instituto Médico Legal. “Fui ao IML para fazer exame de corpo de delito. Eu tive poucas escoriações, nada muito grave, graças a Deus”, afirma. Agora, o foco é a responsabilização dos agressores: “O processo vai seguir. Agora é a fase de identificação dos agressores. Se eu não me engano, tenho seis meses para identificar e anexar ao processo, e é isso que estou fazendo.”

Naquele primeiro momento, conta ele, não havia sequer defesa técnica ao seu lado. “Eu fui à delegacia sem advogado, porque a polícia me encaminhou. Conversei com o agente que me atendeu. Naquele momento eu estava sem advogado, embora hoje já esteja com suporte, o movimento está me dando todo o apoio necessário”, explica. A expressão “movimento” remete à sua atuação em coletivos evangélicos progressistas, mas também à sua militância social e política em Brasília.

Ao longo da entrevista, Ismael reconstrói sua trajetória na fé para mostrar que sua postura não é ruptura repentina, mas resultado de um caminho de décadas. Ele nasceu em Realengo, na zona oeste do Rio, em uma favela marcada por violência e domínio de grupos armados. “Sou da zona oeste do Rio de Janeiro, de uma comunidade que já foi dominada pela milícia e hoje é pelo tráfico. Na prática, hoje não há tanta diferença, porque a milícia também trafica”, afirma. De família majoritariamente assembleiana, ele passou a infância na Assembleia de Deus, até conhecer, na adolescência, a organização batista Embaixadores do Rei, que lhe deu formação bíblica mais sistemática.

A partir daí migrou para o campo batista, estudou teologia no Seminário Batista do Sul, no Rio de Janeiro, e concluiu o curso a distância. “Eu estudei no Seminário Batista do Sul, no Rio de Janeiro, e depois terminei a teologia à distância. Eu abandonei o seminário presencial, mas concluí o curso. Sou teólogo”, resume.

Hoje, sua atuação pastoral se dá em uma igreja independente em Brasília, conhecida como igreja da garagem, que ele define como um modelo simples e itinerante, semelhante às comunidades do cristianismo primitivo. “Eu não sou pastor de uma grande denominação. Sou pastor de uma igreja independente, a igreja da garagem. Minha igreja-mãe é a Nossa Igreja Brasileira, que é batista, no Rio, mas não tem vínculo institucional com a igreja da garagem em Brasília”, explica. Os cultos são feitos em casas de membros e, após o episódio da vigília, o número de interessados aumentou abruptamente. “A gente se reúne na casa dos membros. Agora está chegando muita gente procurando, por causa do que aconteceu. Eu não sei se vamos conseguir comportar todo mundo dentro de uma casa”, comenta.

Ismael reforça que essa experiência busca resgatar um modo mais comunitário de viver a fé. “A gente tem trabalhado essa dinâmica itinerante, se reunindo nas casas. Eu sei que a institucionalidade tem seu papel e é importante existir enquanto instituição, mas tentamos ser o mais orgânicos possível, porque considero isso um caráter interessante para a gente”, diz.

Essa trajetória dentro da fé, insiste ele, o empurrou à esquerda: “É por ser crente que eu sou de esquerda. A fé cristã tem muitas interseções com os princípios e com o nosso projeto de sociedade pautado pela esquerda.”

Na política institucional, ele diz estar em processo de filiação ao PDT, embora milite também no PCBR, partido comunista sem registro eleitoral. “Hoje eu estou em processo de filiação ao PDT, mas também componho o PCBR, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, que ainda não tem legenda”, explica. Segundo ele, há diálogo interno para permitir essa filiação “democrática”. Nas disputas locais, já se aproxima de figuras como a senadora Leila. “Eu acho muito importante trabalhar pela reeleição dela, porque imaginar Michele Bolsonaro ou alguém do mesmo campo no Senado é um pesadelo”, comentou.

Ao mesmo tempo, Ismael não esconde a radicalidade de sua leitura do capitalismo. “Eu sou comunista. Eu sou um radical de esquerda no sentido de que buscamos a raiz dos problemas da nossa sociedade. E hoje a raiz da maior parte desses problemas é o nosso anticristo atual, que é o sistema capitalista. Portanto, como eu estou do lado de Cristo, estou contra o anticristo”, afirma.

Para ele, a igreja primitiva, descrita em Atos dos Apóstolos, inspira um horizonte de partilha que se aproxima da ideia socialista. “A experiência descrita em Atos fala de pessoas que davam o que tinham e repartiam conforme a necessidade de cada um. Por isso, para mim, não há oposição entre fé cristã e projeto socialista”, diz, lembrando que Engels enxergou nessa narrativa uma forma de socialismo primitivo.

A relação entre fé e política aparece também quando o pastor fala de sua aproximação com a teologia da libertação e, depois, com a teologia da missão integral, formulada em meios protestantes latino-americanos. “Eu tive contato primeiro com a teologia da libertação, de tradição católica, no fim da adolescência. Depois, em uma escola de fé e política, me apresentaram a teologia da missão integral, uma teologia latino-americana de tradição protestante”, conta. A partir daí, passou a atuar em projetos sociais e, mais tarde, na defesa de políticas públicas, especialmente nas áreas de moradia e população em situação de rua.

Em Brasília, trabalha com elaboração de projetos, captação de recursos e capacitação de organizações para uso de plataformas públicas de financiamento. “Eu trabalho com elaboração de projetos e tentativa de captação de recursos, principalmente por meio de editais para projetos sociais. Tem uma plataforma que é o terror de quem trabalha com projetos, a Transfere Gov. Muita gente não sabe mexer porque é muito difícil. Eu dou capacitação para organizações e às vezes sou contratado como consultor para cuidar desse manejo”, explica.

Ao falar da vida pessoal, Ismael revela conflitos dentro da própria família. Parte dos parentes é “bem à direita, bem conservadora”, incluindo o pai, que define como “bolsonarista radical” e admirador de Olavo de Carvalho. Ele lembra o dia em que recebeu de presente o livro do ideólogo. “Meu pai me deu um livro do Olavo de Carvalho. Quando tirei da embalagem, estava escrito ‘O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota’. Eu guardei de volta e disse: ‘Não, pode levar. Eu já sei o que preciso saber para não ser um idiota. Esse livro é feito para quem não sabe isso ainda. É para essa pessoa que ele serve, não para mim’.”

Já a mãe e a avó materna, ambas evangélicas, não votaram em Bolsonaro, e a avó, assembleiana, é descrita como “totalmente anti bolsonarista”. “Minha avó materna tem muita raiva das irmãs bolsonaristas da igreja. Ela está lá nas reuniões de oração da Assembleia de Deus, mas é totalmente contra o bolsonarismo”, afirma.

A conversa com Joaquim também aborda o uso político da religião por lideranças ligadas ao Estado de Israel e à extrema direita global. Ismael critica a tentativa de associar o Estado israelense moderno ao Israel bíblico e afirma que o povo palestino guarda mais continuidade histórica com aquele território antigo. “É muito curioso ver gente tentando vincular o Estado de Israel de hoje ao Israel bíblico, quando, na verdade, quem tem mais vínculo com o Israel antigo é a Palestina. O povo palestino está lá, com registros desde antes do ano 70 depois de Cristo”, diz. Para ele, o Estado de Israel contemporâneo é resultado de um projeto de colonização: “O Estado de Israel moderno é formado em grande parte por colonos vindos da Europa, sem ligação histórica direta com aquele lugar. Foi um projeto de colonização, um destacamento do Ocidente naquela região.”

Ao avaliar o governo Lula, Ismael adota um tom de apoio crítico. Ele reconhece os avanços na redução da fome e na ampliação de programas de moradia, mas não poupa críticas à política econômica e ao arcabouço fiscal. “Minha avaliação é dura. Eu sou muito crítico ao governo Lula, principalmente pela política econômica”, resume. Segundo ele, é “matematicamente” impossível conciliar o arcabouço com os pisos de saúde e educação: “É importante pressionar o governo para derrubar o arcabouço fiscal, não os pisos, pelo amor de Deus.”

Ao mesmo tempo, enfatiza que o governo tirou milhões de brasileiros da fome. “Nós não temos mais 33 milhões de pessoas passando fome no país. Isso precisa ser destacado. Saímos de um cenário de fome em massa, e isso é uma conquista importante”, afirma. Na área de moradia, ele destaca a ampliação de programas habitacionais e de reforma de casas como pontos positivos.

Na disputa eleitoral, sua posição é clara: “Em termos eleitorais, eu considero o governo Lula a alternativa para 2026. Eu faço um apoio crítico, tentando puxar o governo para a esquerda, não derrubá-lo. A crítica é para que o governo avance, não para que retroceda.”

Sobre transformação social, Ismael afirma que o voto é necessário, mas insuficiente. “O voto não resolve tudo, mas isso não quer dizer que não seja importante ocupar esse espaço. A gente precisa eleger companheiros e companheiras do nosso campo”, explica. A raiz do problema, para ele, é “a engrenagem do capitalismo”, que só pode ser enfrentada com um processo revolucionário, cujo formato concreto a história definirá. “A construção do processo revolucionário começa com organização. Quem ainda não está em nenhum movimento, partido ou coletivo, procure se organizar”, convoca.

Um dos pontos mais contundentes da entrevista é a crítica ao que ele chama de “republicanismo radical” da esquerda, que teria subestimado a natureza não republicana da extrema direita. Para ele, o campo progressista resiste demais e ataca pouco. “Quando a gente recua, perde direitos, perde espaço e perde povo”, resume. Sua defesa é por um enfrentamento firme, ainda que não violento, nas ruas e nos espaços de poder: “Quem viu o vídeo sabe que eu não fui violento em nenhum momento. Minha fala foi respeitosa, mas muito firme e confrontadora.”

Ele define as lideranças da extrema direita como covardes: “Essa gente é covarde, é medrosa. Eles atacam gente frágil, atacam em grupo, atacam com difamação. Quando encontram alguém sincero na luta, com coragem de enfrentar, eles recuam ou ficam atordoados, como ficaram lá.”

Depois da vigília, a vida do pastor teólogo foi atropelada pela repercussão. Ele conta que seu perfil no Instagram saltou de cerca de 500 seguidores para mais de 100 mil em apenas dois dias. “Minha vida ficou caótica. Eu não tenho equipe, sou só eu mexendo nisso. Eu tinha 500 seguidores e, de repente, passei de 100 mil em dois dias”, relata. O desafio, segundo ele, é transformar o interesse em debate real sobre economia, educação, saúde e moradia. “O grande desafio é usar essa visibilidade para discutir a vida real do povo: emprego, renda, educação, moradia, saúde”, afirma.

Ao mesmo tempo, tornou-se alvo de fake news, como montagens que lhe atribuem tatuagens de políticos. “Estão publicando muitas fake news a meu respeito, inclusive foto falsa mostrando tatuagem de político. Eu tenho três tatuagens: o nome de Jesus no antebraço, um versículo de Primeira Timóteo 4:16 no tronco e a tatuagem de um herói no ombro, que é o personagem de ‘V de Vingança’, inspirado em Guy Fawkes, um dos líderes da Conspiração da Pólvora, uma revolta cristã na Inglaterra”, esclarece.

Ismael também fala do papel das igrejas na assistência social e da necessidade de um Estado forte o suficiente para tornar essa atuação emergencial desnecessária. Ativo na União Nacional por Moradia Popular e no Movimento Nacional da População em Situação de Rua, ele descreve esse horizonte com clareza: “O nosso objetivo é construir um Estado que torne a igreja desnecessária na assistência. Que a igreja seja só o espaço para cultuar, não para distribuir cesta básica, juntar dinheiro para gás ou aluguel. Que o Estado garanta o necessário para o povo.”

Apesar de reconhecer o impacto simbólico do gesto na vigília, Ismael evita transformá-lo em modelo a ser reproduzido de forma individual e desprotegida. “Eu não incentivo ninguém a fazer o que eu fiz. Pelo amor de Deus, não se coloque em risco nesse nível, até porque agora eles vão ficar muito mais cuidadosos”, alerta. Ele acredita, porém, que haverá “um antes e um depois” daquele dia nos atos bolsonaristas: “Eu acho que, depois do que aconteceu, eles vão ficar com medo da gente, pelo menos um pouco.”

Ao final da entrevista, Joaquim de Carvalho ressalta que o pastor “colocou o nome na história” por um ato de coragem. Ismael, por sua vez, diz estar à disposição para seguir debatendo a natureza do cristianismo e a centralidade dos pobres na fé que professa. “Além de companheiros de caminhada, somos irmãos. Então vamos seguir juntos nessa”, afirma, convicto de que uma fé enraizada no Evangelho e na justiça social não pode se calar diante de projetos autoritários que usam o nome de Deus para legitimar desigualdade, violência e morte. Assista: 

 

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